Amamentar um filho é uma experiência única e também essencial para a saúde do bebê, mas nem toda mãe consegue. A boa notícia é que os bancos de leite ajudam muito nesses casos e sempre precisam de doação.
Nos primeiros meses de vida, não há alimento melhor e mais completo para o seu bebê que o leite materno. Além de suprir todas as necessidades nutricionais, ele ainda ajuda na formação do sistema imunológico, a prevenir alergias e intolerâncias, entre muitas outras vantagens que podem fazer toda a diferença no desenvolvimento da criança. Mas a verdade é que nem todas as mães conseguem amamentar e a frustração de não ter aquele momento especial de contato com o filho fica ainda maior quando aliada à preocupação com a saúde do pequeno. Foi pensando nessas mulheres que os bancos de leite foram criados.
Pouca gente sabe, mas o Brasil possui a maior rede de bancos de leite humano do mundo, reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O primeiro foi inaugurado em 1943 e, em 1998, uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz e o Ministério da Saúde resultou na Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, que só em 2014 coletou mais de 185 mil litros de leite materno. Embora o número impressione, a coordenadora do Banco de Leite Humano do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Danielle Aparecida da Silva, afirma que é necessário um número ainda maior de doações, já que a quantidade recebida atualmente não é suficiente para abastecer todas as unidades atendidas. “Precisamos de doação principalmente em época de férias ou feriados prolongados, quando nosso volume de leite chega a baixar por volta de 50%”, destaca.
A questão é que muita gente não sabe como doar ou então acredita que é um processo difícil e demorado. Quantas vezes você já ouviu algumas mulheres dizendo que estão com leite sobrando? Para você não correr o risco de passar por isso e inutilizar seu leite excedente, entenda o que são os bancos, como eles funcionam e como você pode se tornar uma doadora.
O que são?
“Os Bancos de Leite Humano (BLH) são iniciativas públicas vinculadas a hospitais infantis e maternidades, responsáveis por promover o aleitamento materno e executar as atividades de coleta, controle de qualidade, pasteurização e distribuição do leite pasteurizado”, explica Danielle.
Em todo o Brasil, são 214 unidades espalhadas pelas cinco regiões do país, todas seguindo os mesmos procedimentos e normas estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os bancos recebem as doações – a coleta pode ser feita lá mesmo ou na casa da doadora – e sempre contam com médicos disponíveis para orientar as lactantes caso seja necessário. Em seguida, o volume é encaminhado para aqueles que precisam. “Todo banco de leite está ligado a uma maternidade com UTI neonatal e são os bebês nascidos lá que têm preferência. Quando há necessidade em outra unidade, é preciso ter uma solicitação médica”, afirma Danielle, ressaltando que o leite recebido é destinado apenas a hospitais e maternidades. “Não há qualquer tipo de distribuição pessoal – isso vai contra a legislação”, reforça.
Quem pode doar e como se cadastrar?
Qualquer mulher saudável, que esteja amamentando e produza mais leite do que o necessário para o seu bebê pode se tornar uma doadora. Basta entrar em contato com o banco de leite mais próximo e manifestar o desejo de doar. Depois, é só preencher um cadastro dando informações sobre o pré-natal e sobre a sua situação atual, alegando se toma algum medicamento, fuma ou se tem algum problema de saúde. Uma vez considerada apta, você será orientada a fazer a coleta em casa (se preferir) ou então será encaminhada para fazer a doação direto no banco de leite.
Como fazer a coleta em casa?
Primeiro, separe um pote de vidro com tampa de plástico e esterilize-o, deixando quinze minutos em água fervente. Depois, prenda o cabelo, lave as mãos com água e sabão, lave o seio apenas com água e pronto – pode começar a ordenhar! Terminada essa primeira coleta, identifique o vidro com seu nome e data e leve-o diretamente para o freezer. Na segunda coleta, repita todo o processo de higienização e coloque o leite recém-tirado por cima da porção que já estava congelada, deixando pelo menos um dedo de espaço entre o líquido e a tampa. Feito isso, o leite deve voltar ao freezer (com validade de 15 dias) e pode ser entregue ao banco ou retirado por funcionários autorizados.
O leite passa por algum controle de qualidade?
Sim. “Quando chega ao banco, ele é descongelado para passar por um processo de seleção e classificação. Primeiro, é preciso avaliar o aspecto do leite e observar se ele foi armazenado e transportado corretamente. Depois, classifica-se o volume (se é colostro, se já é maduro...) e avaliamos até a sua quantidade de gordura, já que nem todo leite pode ser dado a qualquer bebê”, salienta Danielle. Uma vez feito esse processo, acontece ainda a pasteurização e o controle de qualidade. Só depois de todas essas etapas o leite é congelado e passa a ter uma validade de seis meses.
Há algum tipo de pagamento?
Não. Embora a venda de leite materno seja liberada em países como os Estados Unidos (inclusive pela internet!), essa prática é proibida no Brasil, já que apresenta graves riscos à saúde dos bebês. Por aqui, tudo acontece de forma altruísta, sem remuneração.
#doeleitematerno
(Fonte: Revista SAÚDE)
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