Seu filho torce o nariz para brócolis, cenoura, tomate
e afins? Se sim, boas notícias: é possível reverter a repulsa pela porção mais
colorida do prato. Uma das melhores estratégias para alcançar o feito é
envolver os baixinhos quanto antes no preparo das refeições. “Se a criança
aprende sobre culinária desde cedo, torna-se mais aberta para experimentar
ingredientes e inserir alimentos benéficos no dia a dia”, explica Antonia
Demas, nutricionista e professora da Escola de Saúde Pública da Universidade
Johns Hopkin, nos Estados Unidos.
A especialista também é presidente do
Food Studies Institute, que há 45 anos aplica um currículo especial para
apresentar a cozinha a jovens estudantes. Confira algumas táticas elencadas por
ela e outros profissionais para estimular o mestre-cuca mirim e, assim, colocar
frutas, verduras e legumes na rotina do pequeno de maneira bem natural.
1 – Aprenda
junto com seus filhos
“Se os pais não sabem cozinhar, costumo
propor o desafio de descobrirem juntos. As crianças se identificam com a
dificuldade deles e adoram isso”, comenta Gabriela Kapim, nutricionista e
apresentadora do programa Meu
Filho Come Mal, do canal GNT. O esforço coletivo tende a estimular
ainda mais o pequeno a botar a mão na massa e experimentar as tentativas. “Esse
aprendizado em conjunto não só faz a criança comer melhor, mas pode transformar
positivamente o relacionamento da família”, completa a nutricionista.
2 – Tenha uma
visão positiva sobre os vegetais
Geralmente, adultos partem do
pressuposto de que os baixinhos não gostam de comer frutas, verduras e legumes.
Daí, a tendência é oferecer esses itens de um jeito meio, digamos, desanimador
ou ainda mandatório. “E a aceitação da criança é muito influenciada pela
linguagem que usamos e nossas próprias escolhas alimentares”, comenta Antonia.
Sabe aquela felicidade reservada para a hora do chocolate ou do fast-food? Pois
tente agir com a mesma empolgação quando chegar, por exemplo, a estação das
jabuticabas.
Também é importante não tratar a
sobremesa como moeda de troca, dizendo: “Só vai ganhar um pedaço de chocolate
se comer tudo”. Ao fazer isso, parece que a refeição principal é tão horrível
que é necessário um agrado depois.
3 – Sugira o
preparo de pratos de uma cor especial
“O arco-íris dos ingredientes e a ampla
variedade de texturas fazem da comida um vasto campo para brincadeiras”, aponta
Anne Fischel, psicóloga da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. Aproveite
as possibilidades para criar desafios que envolvam as receitas. Na hora das
compras, vale propor a procura de elementos para fazer uma refeição toda roxa e
questionar o pequeno sobre as transformações que o alimento sofrerá até ficar
pronto: será que a cor muda na hora de cozinhar? E a textura?
4 – Mantenha
uma horta caseira
Um estudo recentemente publicado pela
Universidade Cornell, nos Estados Unidos, observou que a quantidade de jovens
estudantes que incluia por conta própria a salada no almoço da escola saltava
de 2% para 10% quando uma das lições do dia era cuidar da plantação. “O contato
com a jardinagem é importante para estimular o consumo de vegetais, ainda que
se plante apenas ervas aromáticas em casa”, garante Antonia.
5 – Aproveite
pequenos momentos do cotidiano
Convide o pequeno para tarefas simples,
como montar a lancheira da escola. “Dar algumas opções para eles escolherem
ajuda a desenvolver autonomia e senso de participação”, diz Ana Paula Del Arco,
nutricionista da consultoria Capitão Pão, em São Paulo. Os pais que trabalham
fora podem dedicar uma noite ou um período do final de semana para preparar uma
receita com a garotada.
6 – Faça da
comida um assunto divertido entre vocês
Aponte as árvores frutíferas que
encontrarem pela rua e conte histórias sobre a origem dos vegetais. Quando
puder, leve as crianças ao supermercado, à feira e comente com elas sobre o
cardápio dos personagens dos desenhos favoritos. “Ao discutir sobre a
preferência do Bob Esponja pelo hambúrguer de siri, por exemplo, inserimos com
naturalidade o tema no universo deles”, ensina Gabriela.
7 – Prepare refeições temáticas com
eles
Se há um pequeno leitor em casa,
proponha receitas inspiradas nos seus livros prediletos – como os feijões
mágicos do bruxinho Harry Potter. Outra fonte de ideias é o mapa-múndi.
“Convide para preparar pratos típicos de outros países e apresente às crianças
os ingredientes que dão o sabor característico de cada cultura”, sugere
Antonia.
8 – Resgate as
comidas favoritas da família
“Cozinhar é um momento riquíssimo para
compartilhar histórias familiares e fortalecer vínculos”, conta Paula
Kesselman, coordenadora pedagógica do Espaço Mamusca, em São Paulo. Vale
lembrar o almoço com o bisavô, a fruta da infância da mamãe e por aí vai... “A
criança passa a olhar para o prato de outra forma e constrói memórias
importantes nessa vivência”, completa.
9 – Ensine que
cozinhar é um ato de amor
A culinária é uma atividade cheia de
significados, e preparar o cardápio é uma maneira de compartilhar e cooperar
com os próximos, sejam eles parentes ou amigos, além de criar lembranças
especiais para a turma toda. “A principal recompensa é comer o que você mesmo
produziu e proporcionar momentos prazerosos às pessoas que você ama”, destaca
Anne.
Revista Saúde
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