segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Coma mais devagar.


Quem dera se o único problema do apressado fosse comer cru. Estudos demonstram que fazer refeições em ritmo acelerado tem repercussões imediatas e de longo prazo no organismo. Um desses trabalhos, publicado por pesquisadores da Universidade de Warwick, no Reino Unido, analisou o que aconteceria a dez mulheres obesas quando elas comessem em dez minutos e, num segundo momento, em 40. Acredite: essa diferença de meia hora mudou muita coisa. Ficou evidente, por exemplo, que as participantes tiveram um gasto energético maior quando comeram em 40 minutos. É que, com as garfadas pausadas, o corpo torraria mais calorias durante a mastigação e a digestão dos alimentos. "E isso, ao longo do tempo, pode facilitar a perda de peso", diz o endocrinologista Thomas Barber, um dos responsáveis pela experiência.
O primeiro passo para a refeição durar mais que um piscar de olhos e o sinal da saciedade ser disparado é mastigar direito. Parece fácil, mas está aí um grande desafio. Segundo o endocrinologista Renato Zilli, do Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista, as pessoas dão, em média, seis mordidas antes de engolir os alimentos. "Porém, estudos indicam que o ideal seria mastigá-los de 30 a 50 vezes", conta o médico, que considera a meta muito difícil de ser alcançada. "Peço para os meus pacientes chegarem pelo menos a 20 mastigadas", diz. Não é moleza, mas compensa e vale a pena por questões que vão além do ganho de peso. Ter calma à mesa favorece, por exemplo, a digestão – o papo de que esse processo começa na boca não é balela.
Agora, de nada adianta intercalar garfadas com cenas da sua novela favorita ou trocas de mensagens pelo celular. Mesmo que o uso desses aparelhos prolongue a refeição, você não está a salvo de prejuízos. "Se não focar na comida, é possível que em dois minutos já nem se lembre do que ingeriu", exemplifica a nutricionista Marle Alvarenga, uma das idealizadoras da Nutrição Comportamental, movimento que tem como objetivo ensinar as pessoas a comer com atenção plena. Ora, passar por uma amnésia alimentar acaba culminando em beliscos fora de hora - e eles dificilmente são saudáveis.
Por essas e outras, o momento das refeições não deve ser encarado como oportunidade para realizar outras atividades. Nessa hora, a comida precisa ocupar papel de protagonista: concentre-se no seu cheiro, visualize as cores dos ingredientes, sinta os sabores presentes no prato... "Isso tudo também estimula a saciedade", afirma Marle. A pressa, não resta dúvidas, é inimiga da perfeição... à mesa.
Por uma refeição mais longa
Algumas táticas podem ajudar a criar o hábito de se alimentar com calma. Pela sua saúde, vale a pena conhecê-las 
Prepare a mesa e evite distrações
Não precisa de requinte. Usar um jogo americano já dá vontade de passar mais tempo sentado. Mas não ligue a TV e fique longe do celular!

Envolva a família toda
Quem não mora sozinho deve buscar companhia para ficar em volta da mesa. Um bom papo tende a estender o tempo das garfadas - só não vale abusar delas.

Comece pela salada
E monte-a com itens mais duros (como a cenoura), que exigem mastigação. Ao chegar ao prato principal, o cérebro logo receberá o sinal de saciedade.

Descanse os talheres
Após cada garfada, repouse a faca e o garfo ao lado do prato. Ao segurá-los o tempo todo, a tendência é emendar uma abocanhada na outra, sem descanso.

Use garfos menores
Assim, cabe menos comida no talher. Para um desafio maior, você pode até usar hashi, os palitinhos japoneses. É garantia de bons minutos extras à mesa.

Vá de alimentos sólidos
No início do treino para desacelerar a refeição, prefira ingredientes mais resistentes. Por exemplo: troque o purê pela batata.

Planeje suas refeições
Não é necessário ter horário fixo. Mas, se você já sabe como será seu dia, não custa reservar 20 minutos para se alimentar. Esse momento precisa ser valorizado.

Não deixe a comida miudinha
Se você fizer isso com a carne, por exemplo, mastigará menos. Para crianças, a dica é não bater a comida no liquidificador. O melhor é amassar a papinha mesmo.


(Fonte: Revista Saúde)

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